sexta-feira, 8 de maio de 2009

Che, filme de Steven Soderbergh sobre Ernesto Che Guevara, tenta desvendar o homem por trás do mito


Mito da América Latina que se projetou para a história mundial, o guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara é o tema de Che – Parte 1, ficção dirigida pelo eclético diretor holywoodiano Steven Soderbergh, que tem no currículo superproduções estreladas com galãs, mas também produções ousadas e de estilo independente, como Traffic e Sexo, Mentiras e Videotape. Benicio Del Toro é o protagonista e foi premiado como melhor ator no Festival de Cannes pelo papel. O brasileiro Rodrigo Santoro participa da produção como Raul, o irmão de Fidel Castro.

Baseado em O Diário de Che a Bolívia, escrito pelo próprio Ernesto, Che é um projeto que reúne dois longas: El Argentino, que no Brasil ficou como Parte 1, e que está entrando em cartaz na cidade hoje, e O Guerrilheiro, que mistura documentário e ficção, para falar sobre os anos finais de vida de Ernesto, ainda sem previsão de estreia por aqui.

Falado em espanhol, Che –Parte 1 dedica-se ao período da Revolução Cubana, desde a chegada de Ernesto a Cuba em 1956, quando ele era um dos companheiros rebeldes de Fidel, até o momento em que o ex-médico se torna também um líder e herói para o povo cubano. Com o novo desenho geopolítico de um país socialista na América, Fidel e Che são eleitos ao posto de símbolo para a esquerda e tornam-se motivo de receio por parte dos Estados Unidos. A primeira parte de Che o acompanha até 1964, em seu famoso discurso na sede das Nações Unidas.

Desafio
“Eu estava fascinado pelo desafio técnico que seria o de implementar uma ideia política em larga escala. Eu queria detalhar o processo pelo qual um homem nasce com uma vontade inabalável e o que descobre sobre a sua habilidade de inspirar e de liderar os outros”, justifica o diretor sobre a empreitada, que levou sete anos entre pesquisa e filmagem. Em 2001, Soderbergh ganhou o Oscar de melhor diretor por Traffic. Em 1989, em sua estreia na direção de longas, ele ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes por Sexo, Mentiras e Videotapes.

Uma das ausências mais sentidas nos Oscar deste ano, Benicio Del Toro disse que interpretar Che foi muito diferente em comparação com aos outros papéis que já fez. “Nesse caso específico, como uma pessoa real, você começa com ele mesmo e com o que ele escreveu. Isso nos levou a sete anos de pesquisa sobre o que as outras pessoas escreveram sobre ele. Mesmo assim, eu sempre retornava ao que ele mesmo havia escrito”, conta o ator, que no filme ficou mesmo muito parecido com o guerrilheiro.

Em 2001, Benicio, porto-riquenho criado nos EUA, ganhou o Oscar de coadjuvante por Traffic, no papel de um policial. “Che era um homem coerente, como se pode ler no diário que escreveu durante seus anos na Bolívia, mas o que mais me chamou a atenção foi sua energia e sua força”, afirmou o ator.

Segundo o diretor, sua ideia com o projeto era retratar a história do homem e não o mito. “É uma cinebiografia, sim, mas uma que não faz as infames concessões mercadológicas que costumam arruinar produções do gênero. Não vemos ‘os amores de Guevara’. Não o temos um momento sequer em poses consagradas, como as famosas imagens registradas pelas lentes de Alberto Korda. Não são amenizados os crimes cometidos em nome da liberdade. Não há hiperdramatização. O Che de Soderbergh e do protagonista Benicio Del Toro não é uma ideia, mas um homem movido por uma”, disse o cineasta à imprensa brasileira quando lançou os dois longas na Mostra Internacional de São Paulo, em novembro do ano passado. No total, o projeto tem quatro horas e meia de duração.

Che: EUA/França/Espanha, 2008
Direção: Steven Soderbergh
Elenco: Benício Del Toro, Demián Bichir, Santiago Cabrera, Rodrigo Santoro

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